sábado, 10 de setembro de 2016

Entrevista com Beto Sargentelli e Leonardo Miggiorin



Entrevistamos os atores Beto Sargentelli e Leonardo Miggiorin que estão em cartaz no espetáculo "Godspell - Em Busca do Amor", no Teatro Das Artes em São Paulo. Confira:


EC: Como é trabalhar com tanta gente nova no teatro musical?
LM: É instigante, são todos muito talentosos e criativos!

BS: É maravilhoso! Acho que uma das vantagens dessa nossa montagem de Godspell é exatamente o frescor desse nosso elenco jovem que em sua maioria é composto por estreantes no circuito profissional. É engraçado pois apesar de eu já ter realizado inúmeros grandes trabalhos, minha carreira se iniciou bem cedo... tenho apenas 26 anos... mas me sinto como um irmão bem mais velho de alguns estreantes de 24, 25... São todos talentosíssimos e aprendo todos os dias com eles. 


EC: Como você concilia a novela e o teatro?
LM: Passo a semana no Rio de Janeiro, onde gravo a novela "A Terra Prometida", praticamente todos os dias. Nos dias de folga, pegava um vôo pra São Paulo pra ensaiar. Atualmente, venho aos finais de semana para fazer o espetáculo.


EC: Como é alternar o papel de Jesus com Rafael Pucca?
LM: Muito tranquilo! O Pucca é um amigo querido e talentoso, torço muito pelo sucesso dele!! Essa foi uma escolha da produção que mexeu com toda a estrutura do espetáculo. Como o processo foi assim desde o início, não houve surpresa pro grupo. Mesmo assim, essa é uma circunstancia que exige muita generosidade por parte do grupo todo, que tem que se entrosar com atores diferentes, tanto no papel de Jesus, como em outros, já qua a produção dispõe ainda de dois ´swings´ (Adler Henrique e Pricila Esteves, que sabem o espetáculo inteiro, mas, fazem poucas vezes. Mas, o Teatro tem uma característica pra quem acredita nele, com generosidade e empenho tudo se resolve.


EC: Como você se preparou para o musical? 
LM: Estive com o grupo desde o principio, mas, precisei ensaiar sozinho por muitas vezes, por conta de outro trabalho que já estava desenvolvendo no Rio. Viajava para São Paulo uma vez por semana. Foi a primeira vez que estive num processo assim. Ao mesmo tempo que foi doloroso não participar da criação de algumas cenas, meu personagem permitia uma interação 'a parte a toda encenação do grupo. Ou seja, acabamos acolhendo as circunstancias e utilizando isso a nosso favor, em cena. Foi uma escolha da produção e da direção e nós, atores, cuidamos de criar nossos personagens, cada um 'a sua maneira. 

BS: Nossos ensaios foram muito especiais, passamos por um processo criativo, dialético e colaborativo. Li muito sobre Judas, sobre Jesus... mas também fugimos totalmente de querer colocar nosso conteúdo em um altar, objetivamos aproximar do público de hoje palavras já tão repetidas em vão. Especialmente no meu caso, busquei tratar Judas Iscariotes como detentor de uma missão, não como o traidor ou o inimigo, mas sim como o único amigo que amava Jesus que teve a coragem de assumir esse papel. Tudo isso tendo o prazer de voltar a vivenciar a estética do teatro épico e do meta-teatro propostos por nosso diretor.  


EC: Qual a diferença do seu personagem atual para os outros que já interpretou?
BS: A grande diferença está não só na personagem, mas na estética teatral escolhida pelo nosso diretor Dagoberto Feliz.
Há uma abordagem meta-teatral e com elementos do teatro épico que nos levam a uma criação diferenciada das personagens, há a função do ator narrador, do ator em cena e a personagem que o ator brinca de fazer. Há a representação clara de Judas no meu caso, mas nosso objetivo está mais no quê estamos dizendo e não em como estamos dizendo. 


EC: O que essa montagem de Godspell tem de diferente das outras?
BS: É a primeira montagem realizada no Brasil com os novos arranjos feitos pelo compositor Stephen Schwartz para o revival da Broadway de 2011. Há também re-significações de canções muito famosas como Day by Day, Oh Bless the Lord, etc, por  ângulos nunca vistos anteriormente. Sem contar o final que é surpreendente mas não posso contar porque é segredo. 


EC: Por que o povo deve assistir o musical?
LM: Por tudo o que este musical representa em termos culturais. Por tudo o que temos questionado nos dias de hoje. Por tudo aquilo que queremos e não queremos ouvir, mas, de certa forma, precisamos. Nada melhor que uma boa dose de música e riso pra isso!

BS: Porque é um musical leve, divertido, discute o mundo em que vivemos com bom-humor, inteligência e que fala de fé mas não de religião. 

EC: Descreva o musical em 3 palavras
LM: Simples. Divertido. Impactante.

BS: Busca do Amor.